Mulheres, mitos e deusas - Resenha crítica - Martha Robles
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Mulheres, mitos e deusas - resenha crítica

Mulheres, mitos e deusas Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Sociedade & Política

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Mujeres, mitos y diosas

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-85-7657-454-5

Editora: Goya

Resenha crítica

Origens

Quando voltamos no tempo para entender a construção do imaginário sobre o feminino em nossa cultura, vemos que as origens do mundo para os gregos são bem diferentes daquilo que nos acostumamos a ouvir a partir das passagens lidas no Gênesis, o primeiro livro da Bíblia. 

Para eles, não havia a ideia de eternidade ou do sopro de vida de um deus todo-poderoso, ideal judaico-cristão, onde o Criador disse “haja luz” e iluminou o mundo. 

Na Grécia Antiga, a concepção do surgimento do mundo era a partir do silêncio de um abismo, servindo como fonte de movimento e de vida. Antes, tudo era o Caos, de onde nasceram deusas que representavam a noite, a escuridão e as trevas.

As divindades de luz e justiça vieram da Gaia, nome dado à Terra, a mãe de todos os homens, mulheres e monstros. A partir dela, surgiram os seres mortais e imortais, antes enraizados no interior sombrio do planeta. 

Ainda de acordo com os gregos, o amor se enraizou nas trevas a partir do momento em que Eros se infiltrou na Gaia, espalhando esse sentimento por todo o planeta. Note o quanto aqui, nessa versão mitológica da história, é o masculino que insere bons sentimentos ao feminino. Ainda assim, as deusas têm protagonismo,  diferentemente da tradição ensinada no mundo Ocidental. 

Entre elas, estão Nix, Lilith, Ísis, Hera, Alcmena, Deméter, Coré, Afrodite, As Górgonas, Érias, Erínias e As Moiras. Cada uma foi responsável por disseminar os sentimentos, paixões e emoções humanas. Uma visão diferente do protagonismo exclusivamente masculino de outras culturas. 

Trágicas, históricas e cômicas 

Medeia, Circe, Jocasta e Electra. Apenas alguns exemplos de mulheres cujas lendas são contadas desde a Antiguidade. Todas carregam histórias de luta contra determinações dos deuses. Uma preferiu a dor, outra enfrentou ordens divinas sem aceitá-las e também houve a que se humilhou diante das fatalidades da morte, preferindo esse caminho a ter que se submeter a determinações dos céus.  

A partir dessas histórias clássicas da mitologia, moldaram-se ideias dramatúrgicas para obras literárias e audiovisuais. Nelas, são reproduzidos os comportamentos que colocam as mulheres em um papel de insubordinação. É possível enxergar aspectos de vilania em personagens femininas que não seguem um padrão, que não obedecem, que ousam ter personalidade forte para seguir o próprio caminho.

Nesse sentido, algumas são punidas com fatos trágicos, enquanto outras acabam sendo vistas de maneira cômica. De tão diferentes por não seguirem um caminho que a sociedade tentou lhes impor, acabam proporcionando risos ao público. 

Em um mundo superpovoado, alimentando condutas homogêneas, o significado de uma Medeia vai além da poderosa individualidade característica da deusa neta do Sol. Se ela é a única divindade feminina que pôde conservar seus poderes durante o reinado de Zeus no Olimpo, perceber que muita gente a enxerga como uma espécie de má influência por dominar a arte dos encantamentos prova o quanto o machismo está enraizado na sociedade há muitos séculos. 

O amor 

Você já parou para pensar no quanto a história de Sansão e Dalila afetou nosso imaginário coletivo sobre os afetos?  

Basta pensar no quanto ela alimenta o estereótipo do homem visto como vítima de uma mulher cheia de artimanhas, de sedução, que acaba revelando o segredo de sua força para vilões cheios de más intenções, sendo a responsável pela derrocada de um admirável guerreiro bem-intencionado. 

Soa familiar quando pensamos em quantos casos as figuras femininas são vilanizadas e vistas como responsáveis pela derrocada de homens apaixonados. Acabam vistas como interesseiras e cheias de segredos por trás da paixão.

Originalmente, a história de Sansão e Dalila representava um homem forte fisicamente, mas que somente obedecia  impulsos e gostava de fazer justiça com as próprias mãos, sendo facilmente manipulável justamente por seu instinto mais primitivo. 

Dalila era o mistério. Com astúcia e habilidade intelectual, era sagaz a ponto de se infiltrar em missões para o bem de seu povo. Resumi-la a alguém que traiu um Sansão apaixonado é se render a um arquétipo raso, mas que muita gente segue por não compreender sua história mais detalhadamente. 

Outra personalidade feminina que moldou nossa percepção sobre o amor é Sherazade, aquela das mil e uma noites. Seu empenho em contar uma história diferente para driblar o ódio do Sultão Shariar às mulheres foi um recurso pela sobrevivência, mas também alimentou a percepção equivocada da sedução por meio das palavras, gerando a desconfiança generalizada perante figuras femininas. 

Fadas, contos e bruxas 

Agora que passamos da metade desse microbook, precisamos lembrar que assim como no passado os deuses inspiraram mitos, que encheram a vida humana de façanhas e heróis, as fadas e as bruxas rechearam nossa cultura com conflitos e aventuras. 

O mundo da imaginação carrega uma fantasia de esperança em finais felizes, capazes de aliviar nossa dor cotidiana e nos fazer acreditar nos próprios sonhos, sempre associados a um renascimento diário. O papel das fadas é se contrapor à tragédia, aumentando a identificação com personagens que prezam pela liberdade. 

Daí surge a expressão conto de fadas, com histórias que saem da tristeza, passam pelo encantamento e chegam a um ajuste, com sonhos de uma nova vida se tornando realidade. Basta pensar na Bela Adormecida, na Branca de Neve ou mesmo na Chapeuzinho Vermelho. 

Existe a crença de que fadas regem nossos destinos desde antes do nascimento, enquanto o papel das bruxas é alterar a ordem e o bem-estar quando se entregam à feitiçaria. Quase sempre, são representadas como velhas, mal-humoradas e feias. 

Se atualmente seu papel tem sido revisto pela literatura contemporânea, por muito tempo sua maldade e inveja enraizou a rivalidade feminina nos contos que lemos e ouvimos desde os primeiros anos de vida, mostrando, mais uma vez, o quanto nosso imaginário molda crenças, mesmo as mais equivocadas e nocivas. 

Maria e o caminho de Deus

O século 16, no auge do Renascimento, marcou uma série de conflitos e mudanças em interpretações bíblicas por parte da Igreja Católica. Em meio à Reforma Protestante, movimento que contestava o forte poder do clero, a criação de uma figura mítica de mulher na sociedade foi um passo que transformou o cristianismo. 

Entre os primeiros fiéis, não existia uma veneração a Maria, a mãe de Jesus. Tampouco se aceitava o culto de imagens, costume seguido muito mais por parte dos asiáticos, que eram acusados de heresia ao disseminar atividades mágicas. 

Essa interpretação começa a ser modificada justamente no século 16, quando a Mãe de Deus Filho, a Esposa do Espírito Santo, a filha tardia de São Joaquim e Santa Ana passa a ter um protagonismo nunca antes visto. 

Um dos objetivos era tornar essa figura feminina uma referência, um marco absoluto de graça e pureza, a representação da perfeição por ter gerado o redentor dos pecados sem o ato sexual. 

Assim, criou-se um mito que colocou outras mulheres e deusas em uma condição inferior, de menos santidade que Maria. Se até hoje existe certo valor em preservar a virgindade, a devoção mariana tem papel fundamental, já que a controvérsia religiosa que cerca a Santíssima Trindade do cristianismo passa pela mulher pura que não cometeu pecados para dar vida a Jesus, que sacrificou a vida por seus seguidores. 

Nosso tempo

Quando pensamos nas mulheres vistas como referências atualmente, precisamos levar em conta nos grandes perfis que revolucionaram a maneira de enxergar o feminino a partir do último século. 

A escritora Virginia Woolf é uma delas. Filha de uma família vitoriana abastada, é um dos grandes nomes da literatura inglesa, com obras profundamente psicológicas e reflexivas. Infelizmente, tirou a própria vida em março de 1941, não sem antes deixar uma contribuição que fez mulheres de todas as idades questionarem seu papel na sociedade. 

Podemos ainda citar a importância da filósofa francesa Simone de Beauvoir, cuja frase “não se nasce mulher, torna-se mulher” é o símbolo máximo de sua obra “O segundo sexo”, obra-prima que é um dos pilares do feminismo contemporâneo. 

Essas duas personalidades representam uma nova forma de enxergar a mulher na sociedade. Sem a obrigação de performar pureza, sem a necessidade de ficar em casa servindo aos homens. Com firmeza, independência e protagonismo em todos os cantos do mundo. 

Se é verdade que lugar de mulher é onde ela quiser, muito se deve não só a essas duas, mas a tantas outras que vieram anteriormente e tiveram sua imagem usada e distorcida, quase sempre em prol de um imaginário machista, mas que é desconstruído pouco a pouco. 

Notas finais 

Mesmo sem percebermos, é comum alimentarmos o machismo baseado em estereótipos e mitos criados em torno das mulheres ao longo dos séculos. E só é possível fugir desses clichês quando os compreendemos de maneira detalhada, esmiuçando suas origens e buscando não repeti-los em nosso cotidiano. Nessa obra, ficou claro o quanto muitos dos nossos costumes nada têm de novo ao colocar a figura feminina como inferior ou mesmo maledicente. Passou da hora de entendermos que mulheres são muito mais do que corpos a serviço da sociedade. 

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Quem escreveu o livro?

Socióloga e mestre em Letras Hispânicas, foi professora na Faculdade de Ciências Políticas e Sociais da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), onde também atuou como pesquisadora no Centro de Estudos L... (Leia mais)

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